esses dias todos tenho lido muita coisa e pensado em muito que queria dizer. parece que estou sempre falando do que eu queria dizer, e nunca dizendo — me pergunto se isso é um grande problema meu comigo mesma, ou se só sou preguiçosa e enrolona.
não tenho estado muito bem. quando me pergunto se deveria mesmo falar qualquer coisa aqui, quando me pergunto se vale a pena dizer algo mesmo que ninguém se interesse, eu me interrompo imediatamente: por mais que eu compartilhe, não é pra vocês que eu escrevo; são palavras minhas pra mim que eu dedico ao mundo. e o mundo pode ver as palavras que eu acho que gostaria assim como as que eu acho que não. enfim. minha alimentação anda péssima, eu queria estar comendo melhor e me exercitando e sendo uma pessoa funcional, mas tenho sido só... o que dá. e o que dá é a sobrevivência, eu acho.
tenho sei-lá-quantos links abertos no meu navegador, páginas de blogs que eu li e pensei que queria comentar, mas ainda não comentei. vocês já passaram por isso? às vezes, eu quero dizer algo, mas parece não haver palavras pra isso — às vezes queria só dar um sorriso, uma piscada, ou um abraço, ou um aperto encorajador no braço (que eu só daria em quem sou próxima, porque não se faz esse tipo de coisa com quem não se conhece). eu penso em como é divertido que todos nós existimos e compartilhamos o que a gente pensa, que nos conectamos em pontos aqui e ali, como uma enorme teia de aranha, ou conexões neurais. o mundo é uma coincidência feliz, nesses momentos. li a marina, que eu gosto tanto de ler, tão de graça. ela chamou minha escrita de “diarinho”, e eu achei bonitinho, e trouxe pra cá. através dela, descobri a lia, que também está em várias abas abertas — o que comentar quando gestos não se traduzem em palavras?
de vez em quando, acordo com músicas na cabeça. faz tempo que não acordo com nenhuma, mas hoje, quando abri os olhos, uma frase se fez imediatamente na minha mente: drão, o amor da gente é como um grão..., e estou ouvindo agora a versão de milton nascimento, que acho linda, linda. às vezes não lembro das palavras, só da melodia, e é mais difícil encontrar a música em si. gosto de manter uma lista com essas coisas que parecem insignificantes, mas que podem significar alguma coisa. ou que posso fazer significar.
a lana postou um tutorial de como fazer uma página estática diferente das outras no blog, e eu, que tinha comentado a respeito na postagem anterior dela, me senti agraciada. é impressionante como as pessoas podem ser gentis e solícitas sem que ninguém pergunte, né? me senti especial, mesmo que um pouco, mesmo que não tenha nada a ver comigo o fato de ela ter postado esse tutorial.
estou sendo mentorada no trabalho, e minha mentora é mais nova que eu. é difícil me desatrelar da ideia de que hierarquia e idade estão juntas — eu nem gosto de hierarquia!, mas pensar que alguém mais novo que eu já conquista mais do que eu conquistei me faz sentir mal comigo mesma. não com inveja, não desejando mal ao outro; mas insuficiente. e há tantas pessoas assim no meu meio, tantas que eu admiro e por quem torço! tento engolir em seco e aceitar os conselhos e dicas e palavras como aceitaria as de quem me ajudasse, em uma situação que não envolvesse hierarquia alguma. tem sido difícil focar no trabalho, me desenvolver, porque eu não... quero, na verdade. queria deixar o trabalho pra lá e poder fazer todas as outras coisas que são mais bonitas e brilhantes e divertidas e me fazem bem; mas tenho que trabalhar, e meus ombros doem com tanta tensão. e continuo tentando ser quem esperam que eu seja, apesar de não ter ideia de quem eu espero ser.
pensei em fazer uma lista de coisas que me dão alegria e me fazem querer continuar o dia, atualmente:
- assistir vale tudo com minha namorada no fim do dia
- ...?
descobri, um pouco triste, que não tem tanta coisa que me dê vontade de continuar, por esses dias. não há jogos, ou hobbies, ou acontecimentos, ou vontades, ou pessoas, ou realizações. me pergunto há quanto tempo eu não tenho sonhos, não aqueles durante a noite, mas aqueles que nos fazem viver dia após o outro esperando por (e trabalhando para) sua realização. onde foram parar? qual foi a última vez que tive um sonho de verdade? eu não me lembro.
tenho passado por um grande nervoso, envolvendo uma pessoa no trabalho que eu acho que não me considera uma boa profissional, ou talvez só não boa o suficiente. não sei se é coisa da minha cabeça ou se acontece de verdade, e isso tem me incomodado mais do que eu gostaria de admitir. me sinto de certa forma humilhada, do mesmo jeito que sempre me senti quando percebi que talvez não fosse tão boa quanto as outras pessoas no que era esperado de mim. como ser melhor? como ser melhor quando não se liga tanto pra ser melhor? como manter um estilo de vida confortável sem ser excepcional? sempre me orgulhei em não ser louca pelo trabalho, não pensar nisso dia e noite, mas isso começou a pegar no meu pé. o tratamento que eu e meu psiquiatra escolhemos primeiro pra abordar minha falta de concentração não deu certo, e eu me pergunto vez e vez de novo se o problema sou eu. me perguntar isso também parece meio patético — será que, se eu não tiver solução, tudo bem sentir pena de mim mesma? eu não queria sentir pena de mim mesma, mas também não queria ser a primeira a apontar o dedo e me julgar insuficiente. infelizmente, eu sou. mas tento não ser. uma coisa de cada vez.
caí no blog da cláudia (no qual, de tempos em tempos, acabo caindo, mesmo) e isso me fez voltar a assistir ted lasso — eu parei na primeira ou segunda temporada, e nunca mais terminei. ultimamente, tenho assistido muita coisa: filmes, séries, animes. ted lasso é uma série tão querida, que me traz tanto a sensação de uma coisa inerentemente boa, que foi bom voltar a assistir agora que não estou me sentindo tão bem. você tem razão, lana, vou checar as vitaminas D e B12. vai que.
por fim, é isso. pulando de um assunto divertido pra um meio triste, pra um legal, pra um filosófico, porque a vida é assim. tenho que me lembrar de não demorar tanto a escrever, porque senão a porta da escrita emperra e eu não me lembro de vir aqui de novo por mais um tempão.