quarta-feira, 20 de agosto de 2025

os humilhados serão humilhados

 

eu sabia que a hora de escancarar os gastos de julho ia chegar? sim. isso faz com que seja mais fácil? não. já estamos no meio de agosto, e eu enrolei horrores justamente por saber que eu gastei com TUDO O QUE NÃO PODIA NEM QUERIA NEM DEVIA!!!! ai, cara, é difícil ser doida, viu.

em minha defesa (porque aqui a gente não compactua com auto-depreciação e tenta ser gentil consigo mesma), foi um mês em que eu estive muito ansiosa, deprimida, completamente fora da casinha (fora da casinhaaaaaaa). todo ifood que eu pedi foi acompanhado de um sentimento de culpa terrível, porque eu sabia que estava fazendo algo que ia contra o que eu mesma tinha definido, mas era isso ou não comer absolutamente nada, porque eu tava sem energia pra cozinhar. a verdade feia sobre a depressão é essa: às vezes, o único jeito é o pior jeito.

lembrando que não vou incluir os gastos parcelados — eu não parcelo quase nada, então esses gastos são coisas como cursos que eu comprei, as parcelas do sofá novo, etc etc etc. tô me preparando emocionalmente pra encarar esses gastos um por um.

tendo isso em mente, os gastos do mês foram:

  • 💔 R$ 296,96 com jogos do nintendo switch — de cara eu fiquei “o quê gente como assim eu não gastei isso tudo não”, e aí me lembrei que o emilio me indicou um jogo, e aí eu joguei, achei outro do mesmo desenvolvedor, joguei também... e foi acontecendo. mas metade disso aí fui eu renovando minha assinatura do nintendo online, que é cara :^(
  • 💔+❤️ R$ 780,93 com compras no mercado — comprar coisas no mercado é ruim por si só? não. mas eu sei que mais da metade disso aí foi comprando besteira pra comer numa tentativa frustrada de ficar feliz. então eu vou dividir meio a meio, que tal?
  • 💔 R$ 522,26 com ifood — não tenho nada a dizer em minha defesa que já não tenha dito. eu errei rude. próximo!!! 
  • ❤️ R$ 190,94 com compras na amazon — lembram que eu fiquei com a coluna toda travada? pois é, quando destravei, resolvi comprar um travesseiro melhor pra não ficar toda troncha quando ia dormir (e não correr o risco de travar as costas de novo). aproveitei e comprei um sabonete facial mais forte, porque com o fim do roacutan minha rosta está voltando a ser mais oleosa.
  • ❤️ R$ 21,00 com bolinho pro café da tarde — um bolinho pro café da tarde é sempre válido, em minha humilde opinião.
  • ❤️ R$ 357,87 com refeições fora de casa (acompanhada) — o dia que fui almoçar com o emilio, o almoço em embu com amélie, o dia em que saí com o zé, por aí vai. foram momentinhos em que eu pude me sentir bem e sair de casa sem exagero — então, entra na cota de coisas boas
  • 💔 R$ 296,41 com uber — tá, esse aqui é meio justificável: eu fui passar o dia na casa de minha amiga rafa (que é em outra cidade), e foram uns 180 de ida e volta. dava pra ter ido e voltado de trem? sim. mas acontece. 60 reais disso aí foi a viagem que fiz com amélie a embu das artes. o resto... pois é.
  • ❤️ R$ 688,26 com farmácia — se vocês soubessem como dói gastar tanto com farmácia... ai ai...
  • ❤️ R$ 55,00 com ingresso pra exposição do andy warhol — que eu fui com o zé! foi divertidíssimo.
  • ❤️ R$ 113,00 com artesanatos em embu das artes — eu comprei galinhas de cerâmica 🤏 tão lindinhas!! e algumas coisas pra dar de presente a amigos :^)

o que nos leva a um placar de...

❤️ gastei e foi ok: R$ 1.816,54 — como sempre, um enorme gasto com farmácia!!! afe. eu sempre fico besta com os meus gastos, principalmente quando gasto muito com mercado (o ideal é não precisar gastar com mercado e usar meu VA pra isso).

💔 gastei e chorei: R$ 1.506,10 — comparado ao mês passado, simplesmente ESTOUREI A BOCA DO BALÃO!!! foi um mês ruim nesse sentido, mas posso ficar feliz sabendo que esse mês os gastos vão ser beeem menores. inclusive, as coisas parceladas acabaram!!! nunca em minha vida fui tão feliz.

me aguardem no mês que vem com os gastos de agosto, pois estou sendo uma jovem senhora exemplar (mesmo deprimida!!). vai que os humilhados são finalmente exaltados!!

sábado, 9 de agosto de 2025

eu nunca mais vi um selo numa carta

eu, postando uma carta no correio (arte por anna-laura sullivan)

...bom, a moça que me atendeu na agência dos correios nesta quarta-feira me disse que até se usa selos hoje em dia, mas que é muito mais raro. eu fico meio triste, porque selos são 1) extremamente legais e 2) ajudam a contar a história de um país — assim como os cartões telefônicos, há um tempinho, pra se usar num orelhão.

(hoje já existem pessoas que nunca viram um orelhão na vida. isso é desesperador. não pelo tempo passando, mas por como nós estamos vivendo a efemeridade das coisas ao vivaço)

eu mexi nas minhas cartas esses dias, e acabou que escrevi respostas pra cartas que recebi esse ano e no ano passado — e até antes disso! parece que o ajuste dos meus hormônios surtiu efeito, e eu sinto que tenho dentro de mim a força pra fazer coisas que eu amo outra vez. sabe quando você tá deitado, precisa levantar, e consegue quase ouvir seu cérebro falando: “vamo lá, levanta” enquanto você permanece deitado, sem forças pra se mexer? essa era eu. parecia que, por mais que eu pensasse “vamo lá, escreva cartas”, eu não conseguia ter essa força vital dentro de mim, como se estivesse desligada da tomada. agora, com isso devidamente resolvido, já escrevi e enviei um bocado de cartas, e tenho outra remessa sendo redigida.

isso tudo aí em cima pra dizer que: estou escrevendo cartas novamente! se você quiser trocar correspondência e saber o que pensa esta mente pensante de forma ainda mais pessoal, pode me enviar seu endereço por e-mail em arantchans @ gmail.com — não prometo muitos presentinhos, mas garanto uma carta sincera e ótimas conversas.

eu gosto de cartas porque são como ter uma conversa com você mesmo e com outra pessoa ao mesmo tempo: como não é uma mensagem instantânea, você pode levar o tempo que for. e, como não existe uma resposta na mesma hora, você acaba escrevendo sobre o que está pensando, e pensando mais ainda quando escreve. é confuso, mas, na hora, faz sentido. é como escrever um diário, um pouco; e você vai construindo uma história com as cartas enviadas e recebidas — a história de quem você foi e em quem se tornou. se isso não é maneiro, eu não sei o que é.

✶ ✶ ✶

atualização a jato: estou me preparando psicologicamente pra fazer o balanço de julho do meu ano sem fazer compras, porque foi um mês levemente desastroso. não comprei nada desnecessário, mas me afundei na apatia e o ifood comeu solto, meus amigos. porém começamos agosto muito bem, e agora tenho várias marmitas pra este mês! :^)

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

amar é querer sorrir

ilustração por anna-laura sullivan

julho passou MUITO rápido e foi um caos com salpicos de coisas boas que valeram a pena. eu já comecei a escrever isso aqui muitas vezes, sem conseguir terminar uma única vez, porque não sei exatamente o que quero dizer. já falei de cartas, já falei de hormônios, mas queria mesmo falar da minha namorada.

o nome dela é amanda, também conhecida como amandinha não — assim mesmo, tudo junto: “amandinha não”. ela é uma das pessoas mais gentis, mais inteligentes e mais engraçadas que eu conheço, e eu sinto uma falta gigantesca de ter ela perto de mim agora que a danada tá morando no méxico por conta do trabalho.

amandinha não, assim como eu (e provavelmente como você também), também tem suas angústias e seus momentos difíceis. um deles aconteceu há pouco tempo. “como vocês lidam com esses momentos estando longe uma da outra, dependendo de ligações e mensagens?”, você me pergunta. “como dá,” é minha resposta. às vezes mais, às vezes menos; quando as duas estão tristes é mais difícil, mas a gente leva.

uma das coisas essenciais não só ao relacionamento à distância, mas a relacionamentos em geral (apesar de ser especialmente importante nesse primeiro), é a compreensão; tem dias em que olhar pra uma tela de computador no trabalho e receber mil cobranças de mil lugares frita tanto o seu cérebro que você não quer falar com mais ninguém. tem dias em que você precisa apontar que, desculpa, não quero te ligar hoje. se pudesse, não ligaria pra ninguém. a gente lida com isso como dá: tentando entender que cada pessoa tem seu tempo, mas deixando claro que estamos ali e que pode não estar tudo bem, mas vai ficar. às vezes uma mensagem animada sai feito tiro pela culatra; às vezes, acerta em cheio. pra não sobrecarregar amandinha não com ligações, eu mandei beijos durante o dia, fotos engraçadinhas, áudios, músicas; me ocupei com outras coisas. demos uma pausa na novela assistida religiosamente todo dia (menos domingo, um dia tão triste que nem novela tem) e cada uma foi lidar com as suas questões — eu também não estava nos meus melhores dias, diga-se de passagem, então foi uma questão de respirar fundo e encontrar a minha cabeça onde quer que eu a tivesse perdido.

quando finalmente nos encontramos no meio do caminho, depois de um bocado de tempo sem se ligar nem se falar direito, fomos assistir novela juntas e conversar da vida, e eu fiquei reparando nela, um quadradinho na tela do computador que há nem tanto tempo assim dormia do meu lado, me trazia água enquanto eu ficava presa em um milhão de reuniões e me chamava pra cochilar cinco minutinhos depois do almoço, e me dei conta — mais uma vez, porque a vida nada mais é que várias repetições da mesma coisa — do quanto eu gosto dela.

eu saí dessa ligação com a minha cara doendo de tanto sorrir. é bom ver quem a gente ama, né? não sei explicar. ver amandinha não animada, conversando comigo sobre música brasileira, sobre novela, sobre qualquer coisa; ver o sorriso dela, e causar um sorriso nela quando eu digo que ela fica linda sorrindo. eu amo que ela esteja feliz. eu amo que ela saiba tanto sobre música. eu amo que ela se empolgue e fale um monte de coisas. eu amo discordar dela e estar tudo bem. eu amo o quão frequente é uma de nós dizer algo e a outra imediatamente rir falando “meu deus eu pensei isso agora mesmo”. eu amo que, depois de um momento difícil pra qualquer uma de nós ou pras duas, a gente se lembra de que passa, tudo passa. e vem de novo. e passa de novo.

nessa segunda, resolvi mexer nas cartas que ainda não tinha respondido. o que me fez querer ler quase todas as correspondências que já recebi, guardadas numa caixa. é engraçado o tanto de coisas que você percebe olhando pras coisas depois de um tempo: van me mandou cartas em todos os meus três últimos aniversários, se preocupando em mandar especificamente coisas que eu tinha dito que queria em um deles. quem tira tempo pra mandar curativos infantis pra alguém, só porque sim? ela tirou. babs, uma amiga dos tempos da faculdade, me mandou uma carta cheia de recortes de sapo, sabendo que eu estava triste e que sapos me fazem sentir feliz. amandinha não, no começo do nosso namoro, me respondeu mensagens que tinham ficado sem resposta lá no começo e me contou pedaços de dias dela, enquanto pensava em mim. le me mandou uma receita de bolo de cenoura vegano. amigos me mandaram postais dizendo coisas maravilhosas, porque lembraram de mim (e porque eu pedi, confesso) enquanto viajavam. elise, uma amiga maravilhosa, me escreveu contando da vida dela e dizendo que estava com saudades. alcenise, uma correspondente que me encontrou através de algum dos meus registros em listas de penpalling, trocou pedaços da sua vida comigo. minha prima gabi me escreveu, durante o ensino médio, enquanto estava no seu intercâmbio, na rússia. minha amiga ana pê me mandou um bocado de cartas, com o envelope característico da empresa que toca com seus pais, mantendo uma amizade que surgiu há tanto tempo que eu nem lembro direito, por causa de rpg no orkut. eu sorri inúmeras vezes lendo essas e outras cartas, pensando em como é bom poder ser amada pelas pessoas, como é bom ter amigos, como é bom poder amar e mandar cartas e receber cartas e sentir uma euforia gigantesca quando se encontra um envelope na caixa de correio — uma carta que alguém escreveu, enviou, só pensando em você.

no meio de coisas difíceis que têm acontecido, também temos coisas boas. conheci o zé tampinha no domingo, um querido, após uma troca de e-mails e uma feliz coincidência de ele vir até são paulo e, chegando em casa, liguei pra amandinha não: como é bom fazer amigos, eu disse. como é bom descobrir mais sobre as pessoas. como é bom poder sorrir. fofocamos (eu e ele e, depois, eu e ela) sobre a vida, sobre o passado e sobre o futuro; me deleitei pensando em boas companhias e amigos que a vida nos proporciona. eu sempre digo que amo meus amigos, que sou apaixonada por eles, porque nada me causa mais felicidade do que ter pessoas que eu admiro e prezo à minha volta na vida.

talvez amar seja isso: querer sorrir olhando pra alguém, lembrando de alguém, e perceber que já se está sorrindo há algum tempo, porque é inevitável. porque é fácil. é ler uma postagem e pensar “é exatamente isso!”, é a euforia de se fazer amigos novos e sentir que o coração está cheio de coisa boa, pra variar.

é, acho que amar é querer sorrir.

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