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terça-feira, 22 de julho de 2025

coisas que me fazem eu

uma vez, discutindo com uma então namorada sobre desventuras e tristezas da vida, descobrimos que cada uma de nós tinha uma visão muito diferente sobre o que sentíamos (e sofríamos): enquanto ela pensava que não havia nada de único no seu sofrimento, no seu sentimento — que muita gente já havia se sentido ou se sentiria do mesmo jeito, que aquilo era uma condição básica de existir —, eu me enxergava como a única pessoa a ter os sentimentos que tinha, pelos motivos que tinha, em qualquer dado momento da minha existência. apesar de isso me tornar solitária no meu sofrimento e dar a ela uma companhia, mesmo que só a ideia de uma, a forma como enxergamos isso mostra algo muito íntimo sobre nós, mesmo que eu não consiga apontar exatamente o que é.

esses dias, depois de um intensivão de vídeos, filmes, documentários e música popular brasileira, me peguei pensando nisso de novo. assisti ao filme biográfico do ney matogrosso, homem com h (se vocês gostam de música brasileira e ainda não assistiram, por favor, o façam!), e fiquei pensando em como eu já fui essa pessoa que se diferenciava, que era do seu próprio jeito, diferente do jeito dos outros, sem ligar muito pra opinião alheia apesar do frio na barriga. eu não acho que se sentir especial ou único seja algo ruim; todo mundo quer se sentir especial. se não houvesse um conjunto de coisas específico que transforma cada pessoa nela mesma, seríamos só um bando de gente igual, falando sempre das mesmas coisas, sem nenhuma mudança substancial no tecido da sociedade. ainda não sei exatamente aonde isso me leva — tá na ponta da língua, mas a palavra me foge —, mas sinto falta dessa sensação de ser única e especial. porque isso não me isolava em quem eu era, e sim me dava uma infinidade de coisas pra compartilhar, pra distribuir, pra me conectar; ser único ou especial não precisa significar estar só. pode significar criar um núcleo seu, cheio de gente, cheio de ideias, cheio de coisas. e eu sinto que já fui assim, mas não sou mais há muito tempo, e isso me deixa triste — quem sou eu agora, então?

assim, com base nessa teimosia de que não sou mais quem era, que não tenho mais o que eu tinha antes na juventude, uma vontade, uma alma, vim fazer uma lista de coisas e fatos que fazem (ou fizeram) de mim o que eu sou. todo mundo tem suas coisas,  e de vez em quando é bom relembrar que elas ainda existem (ou existiram, enquanto faziam sentido). podem ser coisas bobas, podem ser coisas sérias, mas são coisas.

lista de coisas que fazem de mim eu mesma

  • quando eu estava na adolescência, decidi que trataria as outras pessoas do mesmo jeito como gostaria de ser tratada
  • o pai de uma amiga da faculdade, ao me conhecer, disse que eu era a única pessoa que ele conhecia que era igual na internet e fora dela
  • eu sou absolutamente obcecada por jogos que tem mapas enormes. adoro jogos com mapas. não sei o porquê
  • do nada, um dia, na pandemia, decidi que estava obcecada com galinhas (isso durou muito tempo, e hoje eu tenho muitas coisas de galinha por conta disso kkk). desconfio que foi por causa daquele vídeo da galinha brincando com o cachorro
  • eu amo coisas brilhantes e maquiagens com glitter — em uma época da vida, saía sempre com alguma coisa brilhante na cara, inclusive com as olheiras cobertas de glitter ou com estrelinhas pregadas na cara
  • já tive um sofá no meu quarto, que não me lembro de jeito nenhum como eu consegui e como foi parar lá. era um sofá cama, que eu usava pra estudar, ler, e que ficava com meus bichos de pelúcia
  • bichos de pelúcia esses que tinham nome, e pros quais eu dava boa noite todo dia antes de dormir. não só pra eles, mas pra qualquer bonequinho ou coisa que eu pudesse atribuir uma personalidade no meu quarto
  • eu costumava fazer altas maquiagens artísticas quando estava sozinha em casa, só porque sim
  • sempre fiquei e fico muito feliz quando alguém vê algo e diz que se lembrou de mim
  • no ensino médio, meu abraço foi eleito o melhor abraço da turma e, um dia, as pessoas fizeram fila pra me abraçar
  • por muito tempo, eu mantive uma lista com coisas legais que as pessoas que conviveram comigo disseram sobre mim — eu lia sempre que me sentia meio pra baixo
  • eu amo os jogos do rusty lake (um estúdio independente de jogos), e uma vez ganhei um sorteio deles, o que me rendeu um postal (!!!) e um código pra ter um dos jogos pagos deles de graça
  • durante uma época da minha vida, eu tinha um “amigo imaginário” chamado universo, que era basicamente... o universo. eu conversava com ele pra tirar as coisas de dentro da minha cabeça quando tudo parecia muito
  • eu tenho vários diários, todos (se não, a maioria) interrompidos pela metade. gosto de revisitar de vez em quando pra ver como as coisas mudaram na minha vida depois de algum tempo
  • quando mais nova, eu adorava fazer “ensaios fotográficos” em casa, principalmente no meu quarto. eu usava uma foto minha como capa do facebook, porque era uma foto muito maneira que eu tirei
  • descobri o penpalling, ou o hobby de enviar cartas, através do tumblr, e depois disso nunca mais parei. já recebi carta de tudo quanto é lugar!
  • tenho uma coleção de postais que pessoas queridas mandaram pra mim de lugares pra onde viajaram!
  • aprendi a jogar tarô sozinha, e é uma das coisas que eu gosto muito de fazer (embora não tenha feito tanto ultimamente)
  • um dia, descobri que amo o bolho toalha felpuda, e tento fazer ele de tempos em tempos desde então
  • quando eu fazia aulas de inglês, meu professor soube que eu gostava de escrever e que queria escrever um livro, e me disse que escrever em português seria pra mim, mas em inglês seria pro mundo. eu entendo o que ele quis dizer, mas não existe nada como escrever na nossa língua materna, e hoje eu tenho um amor imenso por escrever em português (apesar de pensar em, um dia, traduzir o que escrevo pra poder dialogar com pessoas de outros países que têm blogs)
  • eu soube que era bissexual aos 12 anos, quando estava na sexta série. não beijei uma menina até os meus vinte ou vinte-e-algo, mas já tinha isso consolidado na minha cabeça, e nunca foi uma questão pra mim (apesar de ter enfrentado represálias)
  • quando meus pais descobriram que eu estava namorando uma menina, foi horrível; chorei todas as lágrimas do mundo, fui dormir com minha namorada (que tinha ido me visitar pra, pasmem, vermos o filme da turma da mônica) na casa de uma amiga, e, no dia seguinte, recebi uma ligação dizendo que eu não tinha passado em uma vaga para a qual fiz entrevista de emprego. eu ri, porque tá no inferno, abraça o capeta, né? quinze minutos depois, me ligaram de novo pra avisar que tinham liberado outra vaga e eu tinha sido selecionada, hahaha
  • na minha rua, quando morava com meus pais, havia um parque ecológico com uma paineira enorme. um dia, o vento soprou as painas e pareceu que estava chovendo algodão. foi muito mágico
  • nesse mesmo parque ecológico, tinha um pajeú cujas sementes voavam e caíam na rua. também era lindo. fiz um “colar” com elas, uma vez
  • ali pelos meus 17, 18 anos, eu gostava muito do cheiro de baunilha. por isso, resolvi que não iria mais usar outros perfumes: peguei uma essência de baunilha, água, álcool, coloquei num vidrinho e usei como perfume por muito tempo
  • eu ia à igreja desde nova, por causa dos meus pais; fazia catequese e tudo. mas, um dia, depois de já ter lido a bíblia para crianças sei lá quantas vezes pro meu irmão e ser a pessoa lá que mais sabia sobre pequenos fatos bíblicos, me dei conta de que nada daquilo fazia sentido. minha mãe ainda me obrigava a ir à missa todo domingo, mas eu dizia que iria à missa à noite e ficava perambulando pelo bairro até dar a hora de voltar pra casa
  • quando bem mais nova, eu tinha muitos sonhos lúcidos. até hoje, muitos dos meus sonhos são sonhos repetidos ou em ambientes nos quais já tive sonhos muitas vezes. consigo descrever muito bem alguns deles, como o lugar com milhares de elevadores verticais e horizontais, a piscina perto de uma montanha sendo escavada, e o navio de pokémons (não me perguntem)
  • quando estava deitada na cama pra dormir, costumava ficar pensando em um milhão de coisas — um assunto levava a outro, e eventualmente eu não sabia como tinha chegado no pensamento que estava tendo. nesse momento, eu forçava a memória pra voltar os pensamentos um a um e entender qual tinha sido o pensamento original (é uma ótima forma de treinar a memória)
  • eu sempre gostei de ouvir o vento pela janela quando ventava muito forte e ele fazia barulho, porque sentia que ele estava falando comigo
  • porém, sempre detestei trovões muito altos. mas gostava quando acabava a luz e eu ficava com meu irmão ou minha mãe no quarto, só com a luz do dia ou da lua e de uma lanterna, conversando
  • sempre tive facilidade na matéria de português, e sempre gostei dos professores de línguas das escolas em que estudei. acho que é uma das coisas que mais me fascina e que eu mais gosto, independente de qual fosse minha idade
  • minha bisavó morava na roça, numa fazenda pra qual eu e minha família por parte de pai íamos todo fim de ano. ali, eu nadei no córrego, cozinhei, brinquei com lama, dormi em barraca, salvei pintinhos, corri atrás de galinhas, vi cobras, brincava de pó de pirlimpimpim com meus primos, vivi minhas primeiras paixões frustradas e, uma vez, me sentei do lado de fora no sereno, durante a noite, só pra olhar as estrelas — e todos os meus primos vieram se sentar comigo
  • quando meus amigos se casaram e foram tirar férias pra viver a lua de mel na europa, eu fiquei na casa deles por um mês tomando conta das duas gatas, santa maria e manu. a santa foi com a minha cara imediatamente, mas a manu demorou uma semana pra ronronar pra mim, e duas semanas pra dormir na cama comigo (a santa e eu ficávamos de conchinha). isso me fez sentir muito especial. além disso, eu, que tenho alergia a gatos, não espirrei por alergia uma única vez quando estive lá — e a manu é peludíssima
  • as cachorras da minha amiga rafa foram tanto com a minha cara que, quando eu ia ficar na casa dela por um tempo e depois ia embora, as duas ficavam me procurando em todos os cantos e ficavam chateadas ao ver que eu não estava mais lá
  • quando fui ao festival em que beijei minha namorada pela primeira vez, não tínhamos o programa em mãos. ela foi olhando o programa da pessoa que estava na nossa frente, fazendo movimentos como se estivesse passando as páginas da pessoa com o poder da mente, bem discreta, sem dizer nada. eu, percebendo isso, disse: “então esse é o seu superpoder?”, e isso é uma coisa que nos maravilha até hoje
  • eu adoro mandar cartas, mas também adoro e-mails — todos os meios de comunicação que não são necessariamente instantâneos me fascinam! dá tempo de pensar e a conversa com outra péssoa passa também a ser uma conversa consigo mesmo
  • minhas coisas em casa costumam ter etiquetas com piadocas. meu pote de louro tem escrito “moreno”, o curry é “curry que a polícia vem aí”, a pimenta é “dênis, o pimentinha”, o arroz japonês é “filho do goku”, o cravo é “não é espinha” e por aí vai
  • eu adoro cadernos de receita. não aqueles que você compra, mas os caseiros. acho muito divertido ver uma receita chamada “pão da patrícia”, “bolo de chocolate delícia”, “pãozinho da rita”, e espero que, algum dia, alguém escreva uma receita minha com o meu nome ao lado no seu próprio caderno de receitas
  • trabalhei durante um tempo em um café-livraria-abrigo de gatos, e fiz um bocado de amizades. as pessoas me reconheciam e, apesar de saber o quão difícil pode ser trabalhar com atendimento ao público, eu amava ver pessoas todos os dias e interagir com elas. ganhei presentinhos, tive playlists elogiadas e, apesar dos pesares, vivi ótimos dias
  • quando mais nova, eu não tive um contexto musical muito grande em casa — meus pais tinham alguns CDs, mas nada demais, e não ouviam muita música comigo por perto. já adulta, me apaixonei completamente por música popular brasileira e meu sonho era ler tudo o que existe e ouvir tudo o que é possível disso. minha namorada, ao contrário, teve muita influência musical e cultural dos pais, e é uma das minhas principais fontes de música brasileira e cultura brasileira em geral, o que me fascina <3
  • na casa dos meus pais tem uma varanda, e vários passarinhos sempre estão por lá. por isso, virei, por um tempo, uma ornitóloga amadora, e sabia exatamente quais pássaros iam até lá, de qual fruta eles mais gostavam, e conheci meu pássaro favorito: o sabiá-do-campo, mimus saturninus
  • apesar de ter nojo ou medo de alguns animais, hoje eu amo todos eles. os animais só estão lá, vivendo suas vidas e existindo. eu acho isso fantástico, por mais simples que seja
  • não me lembro ao certo quando me apaixonei por quadrinhos (mentira, porque deve ter sido na infância, com a turma da mônica), mas hoje estou sempre apoiando projetos de quadrinhos nacionais e é uma das coisas que mais me alegra
  • eu amo fazer amizades. me faz sentir feliz e inteira. eu acho que não há nada mais gostoso do que estar apaixonada pelos seus amigos, porque eu admiro muito todos eles
  • sempre que estou fazendo algo e me interrompo porque acho que alguém vai ter uma opinião ruim ou não vai gostar, me interrompo de novo e lembro que estou fazendo aquilo por mim, não por outra pessoa
  • eu nunca entendi como se jogava campo minado (sim, o joguinho do windows), então um dia resolvi baixar no celular, aprender a jogar, e hoje é um dos únicos jogos que tenho no celular
provavelmente tem muito mais coisa, mas acho que isso aqui é o suficiente pra quando eu estiver me sentindo pra baixo, ou nada especial, e quiser me lembrar. por mais que sejam coisas aleatórias, é um conjunto que me transforma em mim mesma, e nada mais especial do que isso :^) espero que vocês também se lembrem do que os torna únicos de vez em quando!

quarta-feira, 14 de maio de 2025

falta de estrutura, ou: oscar niemeyer, projete minha vida por psicografia

tenho me sentido sozinha esses últimos dias, mesmo estando rodeada de gente por estar trabalhando com meu time durante a semana. como não tenho rede social que me distraia e nem algoritmo que me engula enquanto eu passo por um milhão de vídeos rápidos, pensei: vou escrever.

(é engraçado que eu explique como chego aqui, a cada vez? eu acho meio engraçado. é como se eu chegasse meio atrasada a um compromisso e me sentisse compelida a explicar o porquê de ter me atrasado, mesmo que ninguém me pergunte)

uma das coisas que têm ocupado a minha cabeça é como eu tenho, por falta de termo melhor, “esquecido como se escreve”. não sei se tem a ver com o fato de eu não estar lendo tanto, ou não escrever mais no meu diário que uso pra preencher uma-página-por-dia (a última vez que usei o coitado foi, sei lá, há um ano? talvez mais), ou com a confusão mental que também atrapalha a elaboração das minhas ideias em voz alta (às vezes até na escrita!), seja no trabalho ou na vida em geral; só sei que meus textos me parecem quebrados, sem pé nem cabeça, começando em algum lugar e terminando em lugar algum, perdidos, como se eu não soubesse exatamente o caminho que queria tomar quando comecei a escrever. sobre isso, penso duas coisas: ou eu realmente estou com dificuldades seríssimas pra me comunicar, ou estou me tornando uma doidinha que escreve em fluxo de pensamento — essa segunda possibilidade é mais uma gracinha minha, porque eu sempre escrevi meio que num fluxo de pensamento maluco, falando do que me vinha à cabeça... mas então por que me parece esquisito o que eu escrevo agora, e não o que já escrevi antes?

bom, vai entender. só sei que tenho sentido falta de uma certa estrutura nos meus textos, o que me fez perceber que também não tenho percebido muita estrutura na minha vida. antes que pareça que eu sou só uma pessoa que reclama muito, calma!, juro que é mais uma reflexão filosófica e/ou organização de pensamentos do que uma autocomiseração em busca de pena. enfim, voltando: a falta de estrutura. não posso dizer que é um sentimento exclusivamente recente, mas a sua presença anda acendendo uma luz de alerta no cantinho do meu cérebro, como quem diz: talvez você precise prestar atenção nisso aqui. talvez, só talvez, esse negócio esteja afetando sua vida mais do que deveria. me sinto sem estrutura pra pensar nas coisas do trabalho, e me pego com pensamentos que ou são ridiculamente básicos, ou ridiculamente filosóficos, como “mas qual é exatamente o começo dessa tarefa?” e “será que eu devia voltar um pouco e descobrir como se faz esse processo do zero...? será que isso é possível, ou será que eu sou burra?”. geralmente, isso tudo termina comigo pensando que sou incompetente e que não é possível que eu não consiga executar duas, três tarefas paralelamente, porque, aparentemente, todo mundo (no meu trabalho) consegue.

só que eu não consigo, e isso me enfia numa crise existencial maluca. o pior de tudo é que o motivador dessa crise é o trabalho, e eu detesto ter o rumo da minha vida ditado pelo trabalho! quem diria, não é mesmo?, que as coisas vêm de onde menos se espera. assim, cá estou eu, pensando se meu problema é que odeio o sistema econômico, ou que odeio trabalhar, ou que sou incompetente, ou que tenho sim um distúrbio de concentração que torna virtualmente impossível pra mim conseguir executar funções que esperam que eu execute com uma mão amarrada nas costas. e aí eu só me sinto muito burra, mesmo, porque não quero trabalhar, não quero resolver, mas também não quero me sentir incompetente e inútil. 

queria dizer que é tudo culpa do capitalismo e deixar por isso mesmo, mas a verdade é que isso não resolve o meu problema, então eu só continuo na espiral de existencialismo, entrando, eventualmente, por uma portinha do niilismo, e desaguando, novamente, em lugar nenhum.

voltando um pouquinho ao tema da falta de estrutura e saindo um pouco do tema “trabalho”: sinto falta da terapia. tenho me sentido um bocado maluca, cheia de vontade de ficar falando essas coisas que eu acabei de escrever em voz alta e olhar pra cara da minha psicóloga esperando que ela me diga o significado da vida e do universo e tudo o mais; mas minha última psicóloga não casou muito bem comigo e toda vez que penso em procurar outra pessoa, só me vem à mente todo o trabalho em explicar meus contextos pra aquela pessoa, a construção da relação terapêutica/analítica, e... não, obrigada. acho que o que mais me desanima são as tentativas frustradas que precedem o encontro de uma profissional que saiba lidar com o meu jeito e jogue junto comigo ao invés de me dar o controle desligado e fingir que eu estou jogando junto; é cansativo, e eu já estou cansada. queria que fosse mais simples (toda vez que eu penso “queria que fosse mais simples”, acabo rebatendo que nada no universo é lógico, já que lógica é um conceito humano, e minha vontade é dar um murro na cara da voz que vive na minha cabeça e me diz essas coisas. que inferno!), mas não é. vou precisar respirar fundo e empregar parte do meu tempo na famosa Busca Pela Psicóloga Perfeita; até lá, sigo choramingando.

o ruim de ser uma pessoa que choraminga e rebate seus próprios choramingos é que eu nunca tenho uma pausa, nunca posso choramingar em paz e vivo cansada. e tudo isso é minha culpa! inacreditável.

✶ ✶ ✶

eu poderia falar mais umas duas ou três coisas sobre sentir falta de estrutura na vida, mas a verdade é que nem eu aguento mais, então vamos pra uma lista, pra variar.

coisas que eu tenho consumido e feito:

  • reassisti the haunting of hill house com minha amiga letícia. ela dormiu pela primeira metade do negócio inteira, mas depois que acontecem certas coisas (!!!), ela acordou e ficou VIDRADA. coisas ótimas: reassistir coisas que a gente gosta, e ver alguém assistir e gostar muito.
  • fui à feira do livro da rocha e à feira do livro unesp e comprei livros. eu não sou muito de comprar livros, mas peguei quadrinhos, romances, livros sobre tarô e ensaios/teorias (?). no momento, tô lendo a vegetariana, de han kang, que me lembro de ter visto muita gente falando bem, e, menina, senti TANTA ANSIEDADE no final da primeira parte que quase morri. juro, eu fui lendo na van pro escritório e a história ficava intensa, aí eu parava. aí fechava o livro. aí abria de novo. pra quem não lia há um tempão, tá sendo uma experiência.
  • eu tô sempre adiando começar séries novas porque... sei lá por quê. apego às séries que eu gosto? enfim, comecei a assistir uma série que lembro ter visto um trailer há zilhões de anos: ghosts. tudo bem que eu vi o trailer da versão original britânica e a que eu estou assistindo é a versão americana mais recente, mas é muito divertidinho!!!! séries de assistir quando você para de trabalhar e precisa desfazer o nó do seu cérebro.
  • acabei de assistir pousando no amor, depois de enrolar horrores pra assistir várias partes mais “tensas” (lê-se: estava estressada e não queria me estressar com doramas), e fiquei completamente apaixonada/destroçada. como assim várias coisas!!!! pior que nem tenho com quem comentar as coisas, porque assisti depois que todo mundo já tinha visto, mas ai. doramas dão um quentinho no coração, de vez em quando.
  • trabalhando presencialmente, acabei indo comer num lugar que monta cumbucas de salada, e fiquei pensando que tô com saudade de comer mais salada. a coisa é que eu sou péssima pra comprar as folhas e montar a salada todo dia, e acaba estragando tudo e eu choro porque detesto deixar comida estragar. talvez eu comece a pedir salada nesse lugar???
  • vale tudo, gente. eu tenho a teoria de que existe um buraco na mente de todo brasileiro que pode ser preenchido com a novela de sua preferência; como na minha mente tem um buracão, eu preencho com várias. é uma maravilha ter algo pra assistir todo dia, e tá sendo divertido poder ver e comentar com minha namorada — que, inclusive, começou a assistir a novela de 1988 e descobriu que é o maior pastelão, o que tá quase me fazendo assistir também.
  • ando me sentindo muito atraída de novo por duas coisas que eu gosto bastante: cerâmica e tarô. tenho que estudar coisas pro trabalho, e acho que minha cabeça tá tentando equilibrar a balança e me incentivar a estudar coisas que eu acho divertidas. achei fofo. também entrei na comunidade de ponto cruz no reddit, e fico pensando: e se...?. claramente preciso voltar a conviver com amigas bordadeiras.
✶ ✶ ✶

coisas sobre o blog: eu dei uma revisada muito por cima nos marcadores, reajustei uns, apaguei outros, e acabei relendo várias postagens (eu tenho tentado escrever menos “posts” e mais “postagens”. português na veia, inglês na cadeia!!!!!!, mas só às vezes) antigas do blog que me deixaram felizinha. é bom dar uma olhada no que a gente já fez, pra relembrar do que é capaz.

também tenho recebido comentários que me deixam feliz horrores e com vontade de abraçar suas respectivas escritoras. eu amo a relação que a gente consegue construir aqui, que enquanto eu derramo a alma vocês pegam uns baldes e tentam me ajudar a não alagar a cozinha enquanto comentam o que sentem/pensam/vivem/querem. obrigada por compartilhar seus pensamentos comigo <3

com isso, eu me despeço de vocês — afinal, falei pra caramba, já são onze da noite e eu ainda quero ler mais um pouquinho.

um beijo na testa de vocês e até breve!

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

a tradução ideal pra “pet peeve” é ranço

estava eu pensando ontem qual seria a tradução ideal pra pet peeve, e decidi que é ranço. o google diz que é “implicância”, mas e o ESPÍRITO de poder dizer que você tem RANÇO de algo? enfim. deixo vocês com uma lista, hoje, e talvez em breve uma atualização sobre os livros!! que eu tenho lido!!! beijocas ;^)

lista de pequenos ranços cotidianos

  1.  gente que faz barulho de madrugada e atrapalha o sono dos outros
  2.  quem chama as pessoas de “flor”, “amor” e derivados sem ter nenhuma intimidade
  3.  gente que dá pitaco na aparência/vida dos outros sendo que ninguém pediu
  4.  pessoas que Precisam Ser O Centro Das Atenções A Todo Momento e com isso me causam uma vergonha alheia inexplicável
  5.  a palavra mindset, quando as pessoas estão falando em português (praticamente um alerta de coach)
  6.  ter que sair correndo quando alguém passa perfume/desodorante por causa da minha rinite
  7.  RINITE!!!
  8.  não conseguir respirar pelo nariz e precisar dormir de boca aberta, correndo o risco de engolir uma aranha durante a noite (música do mister m tocando ao fundo)
  9.  quando o seu nariz escorre e você tá de máscara e na rua, e aí não dá pra assoar ou limpar e você é obrigado a ficar nessa agonia

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