ai, gente.
tô aqui, nesse domingo à noite, olhando pro tanto de postagens não lidas no meu feedly (um total de 77) e pensando em como eu detesto o sentimento agourento de que a segunda-feira vai chegar; não a segunda-feira em si, mas o sentimento. acho que domingo seria um dia mais feliz se também tivesse novela, algo que distraísse a gente o suficiente do fato de que a segunda vem por aí, e com ela todas as cobranças da semana útil... muito se fala da ameaça comunista, mas pouco se repara na ameaça capitalista — que é como eu acho que esse sentimento de domingo-pra-segunda deveria se chamar.
enfim.
com uma frequência maior do que eu gostaria de admitir, eu penso em coisas pra falar por aqui, mas me esqueço três minutos depois. às vezes anoto pra não me esquecer, mas as palavras parecem estéreis sem a motivação do momento em que eu quis falar sobre aquilo. não tem a mesma paixão. eu comecei a escrever algo outro dia, sobre eu ser o diabinho e o anjo no meu próprio ombro, e até salvei uma imagem do kronk pra colocar aqui, mas... não lembro sobre o que essa introdução deveria introduzir. por isso, quando eu estava passando creme no rosto e nas mãos após um banho, pensei numa coisa e resolvi que meu ato de domingo seria escrever sobre isso.
eu quero contratar uma faxineira.
minha casa é relativamente grande — setenta e seis metros quadrados de puro caos entre paredes. não é tão difícil manter a casa limpa e organizada, mas fazer aquela faxina pesada, aquela que a gente devia fazer uma vez por mês, dá trabalho. eu tenho muita quinquilharia na estante, e tem sempre aqueles cantos pros quais a gente não dá muita atenção na correria do dia-a-dia, o que é uma justificativa ótima pra chamar alguém que faça esse serviço por mim; uma pessoa que não tem que limpar esse espaço todo dia não vai ignorar os cantos que eu ignoro, certo? só vantagens.
a questão é que eu quero contratar uma faxineira, mas não tenho coragem.
aí vai uma lista de motivos pelos quais eu não consigo contratar uma faxineira:
- o dinheiro — eu sou perfeitamente capaz de arrumar minha casa. às vezes falta ânimo? sim, claro. mas pra quem não falta? se eu tenho tudo o que é preciso pra fazer A Grande Faxina em minha residência, por que eu vou pagar pra outra pessoa fazer isso, sendo que ultimamente o que eu quero é cortar gastos desnecessários da minha rotina?
- o... julgamento? — veja bem: minha casa não é bagunçada. geralmente, ela é inclusive bastante organizada; eu me esforço pra não causar um caos maior do que eu consigo arrumar em um espaço relativamente curto de tempo. eu também sou bem limpinha, e não tem nada que eu chamaria de nojento por aqui — mas falo por mim. e se eu chamar uma pessoa e ela olhar pra tudo por aqui e pensar: “meu deus, que casa bagunçada e suja”? pois é. eu sei, racionalmente, que isso não faz sentido (afinal, se eu chamei uma pessoa pra limpar a casa, espera-se que ela esteja pelo menos um pouco suja e bagunçada). mas minha mente é extremamente racionalfóbica nesses momentos.
- o constrangimento social — suponhamos que eu chame alguém pra arrumar minha casa: essa pessoa vai chegar, eu vou mostrar a casa, explicar o que eu gostaria que fosse feito, e... continuar em casa? conheço pessoas que saem de casa, mas eu acho estranho deixar uma pessoa que eu não conheço sozinha em casa. e o quão esquisito é a pessoa olhar pra mim, sei lá, trabalhando no escritório, e eu ter que sair pra trabalhar na sala, ou algo assim, porque ela já terminou de arrumar os outros cômodos? é um constrangimento tão específico, mas tão constrangedor, que eu fico nervosa só de pensar.
antes que alguém me diga que esses motivos são extremamente sofrimento branco, ou classe média sofre: eu sei!!!, e o que me deixa em pane é justamente isso. eu sinto que contratar alguém pra limpar a minha casa não devia ser um problema quando eu sei fazer coisas como declarar venda de ações no imposto de renda, mas é um problema mesmo assim. não é engraçado? e extremamente burro, ao mesmo tempo? pois é.
eu sinto que, se estivesse fazendo terapia (e agora talvez eu queira flertar com a psicanálise, mas isso é conversa pra outra hora), essa seria uma conversa hilária pra minha psicóloga contar pros amigos em algum momento. mas, já que não estou, vou continuar no cabo-de-guerra de chamar ou não chamar uma faxineira — em que os prós são ter a casa limpa e cheirosa, e os contras são que eu sou definitivamente meio doida.
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