terça-feira, 4 de novembro de 2025

sobre datilografia, clec-clec e ser muito velha pra aprender

novembro. novembro! meu deus, que loucura é estarmos a dois meses do fim de 2025. existe uma teoria que explica que a cada ano que a gente vive, os anos dão a sensação de ser mais rápidos, porque são uma parcela cada vez menor da nossa existência até então. me convenço mais disso a cada dia.

como de praxe, fico enrolando pra vir aqui. por quê?, você me pergunta. porque estou devendo coisas, eu te respondo. um dia ainda vou refletir especificamente sobre como a gente consegue ser tão doido a ponto de endoidar por causa de faz-de-conta. já pararam pra pensar que meio que tudo é faz-de-conta? promessas, séries de postagens temáticas, amizades. tudo são coisas que nosso cérebro acredita por ter evidências o suficiente. ao mesmo tempo, se eu tiver evidências suficientes, também posso afirmar qualquer coisa, inclusive que porcos voam.

mas! me estendo. hoje eu quero falar sobre teclados mecânicos.

(pra você que, assim como eu, é meio por fora quando se trata de coisas tecnológicas e moderninhas demais: teclados mecânicos são esses em que cada tecla tem um switch, que é um mecanismo que define a sensação tátil e o barulho quando você digita. além disso, eles podem ser personalizados de diversas maneiras: você pode mudar teclas, definir atalhos, etc. ah, e eles também podem ter luzinha, igual aos teclados gamer, mas isso não é um pré-requisito.)

eu tenho a vontade de ter um teclado mecânico há um tempinho — mais de dois anos, pelo menos. a coisa é que eu nunca fui o tipo de pessoa de se obcecar muito com essas coisas mais práticas, então pesquisar sobre teclados mecânicos não é algo que eu fazia, apesar da vontade de ter um. acontece que, dia desses, fui trabalhar com minha amiga de um café e ela me mostrou o teclado dela, uma gracinha que fazia um barulho maravilhoso de clec-clec-clec ao digitar, e era bem pequenininho 🤏. fiquei apaixonada, ela me mandou o link, o preço tava bom. só me restou honrar os ensinamentos da hebe: eu entrei, experimentei, serviu, comprei. ele chegou hoje, e eu já estou aqui, clec-cleczando no meu próprio teclado.

a questão é: eu cresci mexendo em computadores, sim, mas nunca aprendi a digitar, digo, datilografar (porque datilografar é uma palavra muito mais bonita) do jeito mais rápido, usando todos os dedos das mãos; eu digito, tal qual uma senhora sem curso de datilografia, usando apenas os dedos médios. não que isso faça alguma diferença no meu dia-a-dia, já que no meu trabalho eu não preciso digitar super rápido e nem usar todos os dedos pra isso... mas que é legal, eu não posso negar. enquanto digitadora-de-dois-dedos, eu acho muito legal quando vejo alguém com as mãos paradinhas sobre o teclado, os dedos se movendo, e as palavras surgindo certinhas. é como quando alguém sabe fazer algo que você não sabe, e automaticamente isso se torna mágico pra você.

no meu caso, é como dirigir sem ficar nervoso e conseguir fazer bolinhos de chuva gostosos.

daí que, pesquisando mais sobre esse teclado que eu comprei (porque ele não tem a tecla alt gr, o que significa que eu simplesmente não consigo usar a interrogação do jeito que estou acostumada e acabo tendo que usar o alt esquerdo pra isso), caí num site desses de treinar a digit... datilografia. você descansa as mãos no teclado e vai digitando, sem olhar pra ele, as palavras que surgem na tela; é um exercício pra te ajudar a memorizar onde cada tecla fica com os dedos. a famosa memória muscular.

encarando a tela do computador, fiquei pensando nas coisas que eu deixo de fazer simplesmente porque acho que não consigo mais: aprender uma língua nova (porque eu prefiro entrar em cursos presenciais, e meu cérebro já não aprende com a mesma facilidade), aprender uma habilidade nova (porque é frustrante passar pela fase de não ser nada boa até chegar na fase de ser um pouquinho boa), comer algo novo (porque, sinceramente, por que mexer em time que tá ganhando???). quando eu vi uma postagem de um tempo atrás da ba, caí no blog da laura e vi ela falando sobre suas coisas favoritas por agora, mostrando a blusa de crochê que tinha feito, e enfiei na minha cabeça que queria aprender crochê. eu já tinha aprendido a tricotar quando mais nova mas, com todo o respeito às tricoteiras, crochê sempre me pareceu muito mais doido que tricô, o que automaticamente fez disso uma coisa parecida com magia na minha cabeça.

pois eu abri um vídeo do youtube, comprei uma agulha na daiso, peguei uma linha mais grossa que eu tinha aqui desde a festa junina, abri um vídeo do youtube e comecei a praticar. passei uns bons 2 dias treinando ponto corrente, tentando fazer os pontos todos com a mesma tensão, do mesmo tamanho. me arrisquei em alguns pontos baixos (todos ficaram horrorosos), ensaiei uns pontos altos, e abri um tutorial da tal blusa.

acho que isso já faz mais de um mês, e hoje quando eu sento na sala pra assistir alguma coisa é com minha peça em mãos, fazendo uma, duas ou três carreiras a mais nela. isso me faz pensar em como a gente tem medo de falhar (esse era um ponto recorrentíssimo nas minhas sessões de terapia), em como ser ruim, levar o tempo de aprender ou passar por cima do desconforto e tentar genuinamente descobrir o que se está fazendo de errado é difícil. porque geralmente o que a gente quer não é aprender, e sim saber — e existe um ABISMO entre essas duas coisas. porque saber é bom, é confortável, e aprender é se expor à falha e ao ridículo por vontade própria. e, convenhamos, quem em sã consciência quer se expor ao ridículo por vontade própria??? pois é. mas saber não tem aquela sensação maravilhosa de conseguir fazer algo do jeito certo pela primeira vez, depois de errar algumas (ou várias) vezes., não tem o orgulho da conquista, nem o esforço próprio, a diligência que, por mais maluco que pareça, acaba sendo gostosa, também.

então, agora, eu decidi que não sou velha demais pra aprender a datilografar coisa nenhuma, e vou tentar praticar um pouquinho todo dia. porque eu posso estar deprimida, capenga, sofrendo com uma britadeira que fica ressoando todo dia até as 4 da manhã na minha rua, mas se tem uma coisa que eu sou é teimosa, e não tem nenhum motivo digno que me impeça de fazer algo que eu sempre quis fazer.

e com a vantagem de ouvir o clec-clec-clec do meu tecladinho novo.


p.s.: faz um tempo que eu não apareço por aqui por estar sem energia nenhuma, mas uma hora eu volto — e respondo os comentários, e leio os blogs que eu amo. pensem que eu fui viajar e tô demorando um cadinho a mais pra voltar. ah, e eu tô lendo o livro viajante do blogueiros raiz! a passos de formiga, mas tô lendo. como vocês tão? cês também ficam meio borocoxôs quando o tempo fica nublado e feio? so-cor-ro. depois volto com imagens pra essa postagem aqui pra vocês verem meu teclado e meu crochê. saudades docês, beijo!

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