encontrei algo incrível!,
mas já aviso que é incrível pra mim, o que não necessariamente significa que seja incrível pra outras pessoas. o que também não me incomoda tanto — afinal, cada pessoa se sente de um jeito a respeito de várias coisas.
ontem, enquanto eu passeava pelos blogs que sigo e lia a última postagem do blog do igor, me deparei com o blog do manu. com dezenas (sério, dezenas) de abas abertas na aba anônima do meu navegador (porque eu uso o computador do trabalho, e essa é a melhor forma de conseguir acessar os blogs e comentar sem fazer uma confusão com meus usuários pessoal e profissional do google), abri mais dezenas e dezenas; acho que, quando fechei a janela sem querer, devia ter umas setenta abas abertas. fazer o quê. a partir dessa descoberta de blog, dessas abas e do infeliz-mas-nem-tanto acidente de fechar tudo o que eu estava pra ler, se sucedeu uma linha de pensamentos que eu resolvi vir aqui tentar colocar em palavras.
acho que deu pra perceber, pela maneira como eu falo aqui dos blogs que acompanho, das pessoas de quem eu gosto, que eu sou uma pessoa apaixonada. pela vida. pelas coisas. mas, principalmente, pelas pessoas. eu acho a existência das pessoas, a forma como elas escolhem existir e se manifestar, uma coisa fantástica. eu gosto principalmente de conversar com as pessoas, e de ler o que elas escolhem compartilhar na internet. até gosto de vídeos (mas geralmente prefiro podcasts), mas algo sobre a escrita, pra mim, é muito particular. é deliberado. as palavras são escolhidas, mesmo que sejam espontâneas. tudo quer dizer alguma coisa porque alguém quer dizer alguma coisa, e não porque as palavras se juntaram ao acaso. eu acho isso o máximo.
há um tempinho, tenho essa postagem escrita que não coloquei pro mundo, por algum motivo; o nome é “world small web, ou uma internet pequena”, e eu falo sobre blogs, sobre existir sem querer a validação que as redes sociais insistem que a gente queira e sobre interagir enquanto contemporâneos na internet.
caindo em blogs por aí, nos últimos dias (que delícia!), acabei acessando e lendo mais sobre algumas plataformas mais descentralizadas de blogagem, como a bear, a writefreely a ghost, além do neocities, que já tá aí faz um tempo. achei muito interessante, uma proposta parecida com a do listography, por exemplo — um site sem a pretensão de depender de mecanismos de interação que criam aquela competição da gente com a gente mesmo: tenho muitas curtidas, comentários?, e etc.
apesar de achar maravilhoso esse momento da internet em que as pessoas fogem do que entendemos como rede social hoje, eu sinto falta da mecânica de comentários dos lugares. o listography perdeu essa mecânica, não deixando mais a gente comentar em listas de outros membros. também não existe sistema de curtida, o que realmente não faria nenhum sentido. lisa nola, a criadora do site, argumentou que o listography não pretende ser “social”.
(...)sinto um pouco de saudades de poder comentar, pra dizer a alguém que gostei da lista, ou só pra começar uma conversa sobre o assunto escrito ali. eu sinto que o que torna uma rede mais humana é a possibilidade de interação, a discussão verdadeira — não algo pasteurizado, em posts pequenos ou apelativos, como geralmente vemos no xuitter, no facebook, no instagram ou no tiktok, mas experiências compartilhadas, pensamentos expostos... interações sinceras, sabe? não precisa ser algo enorme, mas se tem uma coisa que me faz bem é poder apreciar a companhia de outras pessoas que escrevem blogs e que passam por aqui, como se fossem vizinhos dizendo oi na porta da minha casa, e eu bato palmas pra chamar e dizer oi quando passo na porta da casa deles também.
acho que isso é um dos pontos que me atrai no blogger e me faz não entrar em outras plataformas, pelo menos por enquanto. isso e o apego afetivo que eu tenho, porque o blogger foi o primeiro lugar que eu usei pra criar um blog, e eu posso continuar por aqui. inclusive parece um lugarzinho meio parado no tempo, quando a gente vê todas as atualizações que o google implementa nas suas ferramentas; e eu nem acho isso ruim, pra ser sincera. gosto da sensação de estarmos mantendo algo que torna a internet mais “caseira”. menos ampla, nesse sentido de enorme, que faz com que tanta gente falando tanta coisa não faça diferença alguma; uma internet pequena, não só no blogger, mas em todo esse ecossistema de blogs, de interesses e de corações abertos uns para os outros. é isso que mantém a internet um lugar habitável.
fico muito feliz em fazer parte da internet pequena que a gente constrói por aqui: falando o que queremos, independente de ser interessante pras outras pessoas lerem ou comentarem, porque um blog é como uma casa, e eu não decoro minha casa pensando no que os outros vão pensar.
é uma citação enorme, eu sei, mas eu precisava trazer isso pra fora daquele rascunho que nunca viu a luz do dia. depois de ler alguns posts do manu — em especial esse aqui, mas outros, também —, escrevi um e-mail pra ele. eu sou emocionada, e queria dizer o quanto me faz feliz encontrar na internet mais gente que pensa parecido, que existe e se manifesta parecido comigo, mesmo que a gente não se pareça tanto assim. um dia depois, ele me respondeu, e eu fiquei pensando em todo esse ecossistema de blogs na internet e em como minha vida mudou depois que eu saí das redes sociais.
eu não acho que as pessoas precisem sair das redes sociais pra levar uma vida plena — acredito que algumas pessoas lidam com equilíbrio melhor do que outras, e eu não sou uma dessas pessoas, as redes sociais estavam sugando minha atenção, meu ócio, meu tempo livre, tudo, feito um buraco negro; então, eu decidi sair. simples e fácil. tinha saído do twitter há um bom tempo, e não havia motivo pra ser mais traumático sair do instagram.
uma das coisas que eu percebo, sempre, é que o deixar de ter que chamar a atenção das pessoas vem como uma faca de dois gumes: é bom e, ao mesmo tempo, não é. hoje, nessas minhas saltitadas pelos cantos da internet, caí por causa da ba num post do deniac em que ele diz algo que resume isso que eu sinto:
Às vezes, cansa publicar nas redes. Ficar dizendo “olha aqui, olha eu”, como se fosse preciso subir num banquinho toda vez para existir.
eu ando cansada de querer ser percebida a qualquer custo. por que eu quero ser percebida? porque eu quero, ou porque querem que eu queira? a conversa fica um pouco mais filosófica quando a gente envereda por esses lados, mas vocês provavelmente entenderam o que eu quero dizer: querer ser relevante, ter razão, ser a voz por trás do último hot take do momento, tudo isso é muito exaustivo. eu percebi que só quero mesmo escrever sobre como meus dias estão difíceis, ou sobre como eles estão ótimos, ou sobre como eu acabei de jogar um joguinho novo ou de assistir uma série. sobre as coisas que eu penso e sinto, sem que ninguém precise dizer o quão ótimo ou não foi aquilo que eu escrevi.
ironicamente, eu também não escrevo num vácuo; fosse assim, esse blog seria uma página de documento de texto, ou um diário escrito à mão. mas acho que se abrir pra uma conversa, compartilhar o que se pensa de forma deliberada, é diferente de pedir por atenção. é uma cadeira — não pra eu subir e fazer graça até que me percebam, mas pra que alguém, eventualmente, se sente e me conte de como seus dias estão ótimos, terríveis, sobre o que gosta e o que não gosta.
uma coisa engraçada, inclusive, que eu estava pensando enquanto abria meia dúzia de links (agora perdidos, já que eu fechei aquela janela anônima. rip): eu não faço a menor ideia de como encontrei a maioria dos blogs que acompanho aqui. vocês se lembram como encontraram os blogs que seguem? eu fico pensando que deve ter sido através de alguém que lia alguém, de um blog que acessei através de outra pessoa e que tinha um blogroll, no qual estava outro blog, o qual tinha seu próprio blogroll — e por aí vai. mas acho isso divertidíssimo. sei que o BMRTT existe há muito tempo, mas só agora fui interagir com a ba; aparece um monte de gente aqui e eu me sinto grata e apreciada — não feliz por ser notada, mas feliz por me estenderem um fio de prosa. penso por onde anda a cacá do a life less ordinary, que eu adorava acompanhar. todas essas pessoas pelas quais a gente passa e que passam pela gente, e às vezes a gente passa direto. eu não quero mais passar direto; quero fazer amizades. quero criar conversas. quero mandar e-mails e postar cartas, porque conhecer gente é bom, e me perceber apaixonada por todos os meus amigos é bom também. é maravilhoso sentir que a vida é bonita, que a vida presta, como disse a fernanda torres.
acho que essa postagem é uma homenagem a todo mundo que eu acompanho, com quem eu falo, pra quem eu comento, de quem eu lembro; afinal, eu amo gente, e vocês são gente. tenho conversado com minha namorada, que é outra pessoa fantástica que eu amo e que queria poder apresentar a todo mundo, sobre música brasileira, sobre cultura, sobre colocar pensamentos pra fora e existir em voz alta (mesmo que em escrita!); outra hora eu venho aqui falar mais sobre isso, porque já falei demais por hoje. inclusive sendo séria demais. risos. por hoje deixo só um sorriso e um agradecimento ao ecossistema de blogs que me faz sentir acompanhada por tanta gente nesse dia-a-dia de meu deus. e até logo!
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